Cooperativa
 
  História
 
 
 
 
 
 
 

O Visconde de Nandufe do Concelho de Tondela adquiriu em França uma desnatadeira centrífuga que instalou no lugar de Sanfins do Concelho de Sever do Vouga no ano de 1893, onde fundou uma fábrica de lacticínios – a primeira do país.

Volvidos alguns anos vendeu-a aos Almiros de Campo de Besteiros do Concelho de Tondela, cuja razão social era “Almiros & Viana” tendo como principal elemento o capitão João Almiro, com funções de gerência.

Esta fábrica, iniciada em 1893, funcionou como única transformadora dos produtores de leite do lugar de Sanfins do Concelho de Sever do Vouga e zonas limítrofes até Março de 1924.

Em Março de 1924 os industriais de lacticínios reuniram-se em certa zona da região, onde combinaram depositar 10 000$00 (cerca de 50,00€), o que na altura era muito dinheiro, para não fazerem concorrência entre eles, e resolveram baixar o preço do leite que estavam a pagar à produção. Estavam a pagar a 1$20 o litro e combinaram pagar só a 0$70 o litro, (em euros 0,00599 € e 0,00349 € respectivamente).

Na sequência desta baixa tão brusca, juntaram-se os maiorais do lugar de Sanfins que eram o Capitão Bernardo Barbosa de Quadros, Manuel Tavares Machado, Manuel Tavares Coutinho, António Augusto Soares Coutinho, Firmino Mendes Carneiro, Manuel Joaquim Tavares Coutinho. Decidiram que não entregariam o leite a esse preço. Puseram-se ao pé da casa do Castro, que era pouco antes da entrada da fábrica, e mandaram os produtores para trás quando vinham trazer o leite.

O Ribeira, que vinha com o leite de Irijó, tentou avançar e partiram-lhe a cântara onde trazia o leite. Não entrou nenhum leite e foram à desnatadeira e tiraram-lhe a turbina. Assim começou a greve dos produtores e o Almiro & Viana teve que ir embora.

Enquanto durou a greve os produtores faziam a manteiga em casa.

Começaram então com a Cooperativa que teve início na casa do Sr. Manuel Joaquim Tavares Coutinho (hoje casa do Sr. Bernardo Machado).

Como era uma casa pequena para o efeito, passaram para uma casa mais abaixo, do Sr. Capitão Bernardo Barbosa de Quadros. Como tinham de pagar renda que era de mil réis e a casa também já era pequena angariaram dinheiro e os sócios foram buscar pedras e outros materiais para construir uma nova na Fonte do Lameiro.

O leite era desnatado e a nata levada em latas, por mulheres a pé, a Vale de Cambra.

A Cooperativa passou por várias privações, não só pela falta de meios financeiros, como ainda pelos ataques vários infligidos pelos industriais de lacticínios.

Sabemos apenas que já em 1927, com 3 anos de existência, ainda o seu fabrico era deficiente, e, que com muita dificuldade se colocava no comércio.

De Março de 1924 a Fevereiro de 1937, funcionou como Sociedade Industrial, embora sob a forma de Cooperativa.

Por alvará de 27 de Fevereiro de 1937, publicado no Diário do Governo II série, número 59, de 12 de Março, pelo então Ministro da Agricultura, Rafael da Silva Neves Duque, podemos considerar a nossa Cooperativa, a mais antiga do País, oficialmente constituída.

Inicialmente a Cooperativa só separava a nata do leite, nata esta que vendia aos industriais, primeiro ao Martins e Rebelo, de Vale de Cambra e depois ao Custódio Pereira Dias, de Catives.

Passado algum tempo, a Cooperativa sentiu-se lesada e comprou um pipo e um malaxador (aparelho para dar consistência à nata destinada a lacticínios) e passou a fabricar a sua própria manteiga.

Como era uma manteiga muito apreciada e procurada passou a chamar-se «Delícia».

Quase toda a produção de manteiga era vendida para a região de Lisboa. Era transportada até à estação de caminhos-de-ferro da Freguesia de Paradela do Concelho de Sever do Vouga, por mulheres que levavam as caixas à cabeça, que seguiam a pé pelos atalhos existentes. Outras seguiam pelos Amiais e aí atravessavam o Rio Vouga em pequenas bateiras e seguiam caminho até à estação de caminhos-de-ferro da Freguesia de Ribeiradio do Concelho de Oliveira de Frades.

A manteiga, principalmente no Verão, era guardada na mina das Vinhas (ainda hoje existente e que fica um pouco mais à frente de onde era a Cooperativa) por ser muito fresca.

Aconteceu que a fábrica começou a ficar pequena para absorver todo o leite dos associados, dado que a área social da Cooperativa foi alargando às freguesias vizinhas e até para fora do Concelho de Sever do Vouga. Assim em 1949 começou a ser construída uma nova fábrica, no local onde ainda hoje está implantada, que começou a laborar em Janeiro de 1953.

Em 1962 surgiu a criação da União de Cooperativas da Lacticínios de Entre Douro e Vouga. Aderiram a esta União, a Cooperativa Agrícola de Lacticínios de Sanfins, a Cooperativa Agrícola de Lacticínios do Vale do Vouga de Couto de Esteves do Concelho de Sever do Vouga, e a Cooperativa Agrícola de Lacticínios de Arouca.

Esta União passou a utilizar as instalações da Cooperativa de Sanfins, por reunirem melhores condições de localização, água em abundância e terreno para alargamento das instalações.

Iniciou a sua actividade com o fabrico de manteiga e leite do dia, nesta altura a marca comercial passou a ser «GRESSO». Designação aceite de forma unânime pelas Cooperativas associadas. A origem deste nome está no Rio “Gresso” que nasce na serra do Arestal, passa entre Sanfins e Couto de Esteves e aflui para o Rio Vouga, incluindo assim toda a área produtiva da altura.

O fabrico de queijo e a recolha total do leite (que deixou de ser desnatado nos locais de recolha) só em 1967 teve o seu arranque, bem como o processo de arrefecimento e pasteurização do leite.

Foi em 1972 que se deu o alargamento da União até ao Mondego, passando a designar-se «União de Cooperativas de Produtores de Leite de Entre Douro e Mondego, UCRL», com a sigla “LACTICOOP”.

Em 1996 foi constituída a LACTOGAL, SA. pela fusão da AGROS (União das Cooperativas de Produtores de Leite Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes, UCRL), LACTICOOP (União das Cooperativas de Produtores de Leite entre Douro e Mondego, UCRL), e PROLEITE/MIMOSA S.A. com o propósito de produzir e comercializar, nos mercados nacional e internacional, lacticínios e outros bens alimentares através das suas marcas. Esta empresa foi constituída para combater a Parmalat que se estava a querer instalar e a concorrer com as organizações de agricultores.

A LACTOGAL utilizou a fábrica de Lacticínios da Cooperativa de Sanfins até Dezembro de 2008, altura em que mudou para uma fábrica nova construída em Oliveira de Azeméis.


Marcos históricos da Cooperativa Agrícola de Sanfins, C.R.L.:

- Em 1977 com a extinção dos “Grémios da Lavoura” a Cooperativa tomou conta das instalações e da parte comercial até aí exercida pelo Grémio da Lavoura de Sever do Vouga.

- Em 1985 foi construído em Sanfins um armazém para dar apoio ao que já existia em Sever do Vouga, para venda aos associados de factores de produção.

- Em 1998 foi construído na rua da Igreja, em Sever do Vouga, um complexo comercial e habitacional, em que a Cooperativa adquiriu a Cave e a Sub-cave. Na Sub-cave funciona a loja da Cooperativa, onde os associados e os clientes em geral se podem abastecer dos produtos para as suas explorações e outros. A cave está alugada.

- Em Agosto de 2004, entrou em funcionamento a Secção Florestal.

- Em Janeiro de 2007, foi formada uma equipa de Sapadores Florestais.


Alterações de denominação:

- “Cooperativa de Sanfins”, estatutos publicados no Diário do Governo II série, n.º 59, de 12/03/1937.

- “Cooperativa Agrícola de Lacticínios de Sanfins” estatutos publicados no Diário do Governo II série, n.º 43, de 23/02/1944.

- “Cooperativa Agrícola de Sanfins, SCRL”, estatutos publicados no Diário da República III série, n.º 246, de 20/10/1976.

- “Cooperativa Agrícola de Sanfins, CRL”, estatutos publicados no Diário da República III série, n.º 260, de 11/11/1983.